A diferença entre expectativa e realidade durou cerca de 30 minutos, desde que o administrador de empresas Wagner Ribeiro, 63, chegou ao Largo da Mariquita, acompanhado dos filhos André e Mariana. Àquela altura, todos os holofotes ainda eram direcionados para o compositor, contrabaixista e arranjador Luciano Calazans, primeiro aperitivo da noite, cuja mistura do jazz latino com música brasileira ajudou a climatizar a noite da família Ribeiro. O patriarca esperava mais.
E foi prontamente atendido quando, exatamente às 21h deste sábado (23), a cantora Fernanda Abreu, ex-vocalista auxiliar da Blitz, e há três décadas devidamente emancipada, subiu ao palco, embalando jovens e uma galera que já passou dos quarenta carnavais, neste segundo dia de espetáculos do Festival da Primavera 2017, em Salvador. “Este era o momento que esperávamos. Não é todo dia que a cidade recebe artistas deste naipe em um mesmo evento, e é justamente esta diversidade que buscávamos”, comentou o agora dançarino Wagner, que ensaiou os primeiros passos ao som do funk cheio de charme da artista carioca.
“Sossega que a chuva está aí para abençoar”, determinava Fernanda Abreu no bairro mais boêmio da cidade, entre as frases enfáticas de “Outro sim”, carro-chefe de seu mais recente trabalho, o álbum “Amor Geral”, lançado em 2016. Para o público soteropolitano que lotava a Mariquita, e ainda embalada pelo êxito apresentado no último final de semana, no Rock in Rio, Fernanda Abreu trouxe todo o veneno carioca para o Largo da Mariquita, e não decepcionou.
Amor geral – Na lista dos melhores CDs de 2016, o álbum mais recente de Fernanda Abreu já foi devidamente testado no Palco Sunset do Rock In Rio 2017, no último dia 15. “Estou chegando a Salvador com este disco muito bem recebido em cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Manaus, e estou muito contente por voltar a trazer um trabalho inédito para cá”, lembrou a cantora, segundos antes de subir ao palco. Acompanhada de músicas como “Eu vou torcer”, de Jorge Benjor, e “Kátia Flávia, a Godiva do Irajá”, de Fausto Fawcett, a cantora deu tons de discoteca e um ritmo quente e dançante à estação das flores que se inicia.
Ela definiu a apresentação deste sábado como “uma celebração ao amor”, em alusão ao seu mais recente trabalho, mas também pelo momento de transição na carreira, com sua primeira turnê com músicas inéditas após uma década longe dos estúdios, apesar da extensa agenda de apresentações e participações em produções de outros artistas.  “Além disso, estou comemorando o fato de que, no ano passado, consegui liberar todas as minhas músicas que estavam atreladas à minha antiga gravadora, desde 1990, e agora posso disponibilizá-las para meus fãs sem problemas”.
Fernanda e banda fizeram o público dançar com “Veneno da lata”, “Rio 40 Graus”, “Dance dance”, “Garota sangue bom”, “Da lata” e “Brasil é o país do suingue”. A partir daí, um, dois, três, incontáveis sucessos foram lançados ouvido adentro, enquanto gente que acompanhou as diversas fases da carreira da artista dançava e cantava ao som das canções que ainda soam frescas, como a nova estação. “A cidade só tem a ganhar com uma festa tão diversa quanto esta. E isso mexe com inúmeros setores, desde a área cultural, que é a primeira a ser notada, até a movimentação de cunho social, pois faz com que pessoas de origens e locais diferentes interajam, influindo também na economia, pois a atração dessas pessoas aumenta a frequência em bares, restaurantes e demais estabelecimentos comerciais, também ocupa-se mais ruas e praças da cidade”, reconhece o engenheiro Dario Marchesini, 57, que veio ao Largo da Mariquita acompanhado da esposa Cássia.
“O festival transcorre em um clima de muita paz. Além da apresentação aqui do Rio Vermelho, tivemos Rafa e Pippo e Duas Medidas na Ribeira, fazendo shows maravilhosos que nem a chuva conseguiu afastar. Tivemos a honra de abrigar o espetáculo comemorativo aos trinta anos de carreira do maestro Luciano Calazans, que é uma pessoa que sempre participa dos eventos da Prefeitura. Portanto, nossa alegria é por termos conseguido manter a qualidade do evento, com uma qualidade de público, e nesse ritmo esperamos fechar o festival com chave de ouro, neste domingo (24)”, declara Isaac Edington, presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), organizadora do evento.
Festival da Primavera – O Festival da Primavera 2017 terá seu encerramento neste domingo (24), com atrações para todos os gostos. O Parque da Cidade, no Itaigara, traz inúmeras atividades a partir das 11h, começando com o Coreto Hype – feira ao ar livre com mais de 100 empreendedores – e a Feira de Artes e Talentos. O parque terá, até 17h, um circuito fixo de minibike, que vai deixar os pequenos ainda mais animados.
Das 13h às 17h, o público vai poder curtir gratuitamente os trabalhos dos Djs Charles Carvalho (13h), Oliver Dom Jack (14h), Kairo San (15h) e Santz (16h), em uma iniciativa que promove música, dança e experiências recreativas para todas as idades. O evento, que recebe o nome de Pick-Nick com DJs, é um chamado para que as famílias e os amantes da música eletrônica possam interagir ao som dos grandes artistas da terra. Esse projeto conta com a iniciativa do Coletivo DJs da Bahia.
O festival ainda levará para o palco do Anfiteatro Dorival Caymmi o show da banda Faustão e os Mongas, com repertório de grandes clássicos do pop rock nacional dos anos 80, que vão de Erasmo Carlos a Titãs. A atração está marcada para às 14h. No mesmo dia, às 16h, o grupo Quabales, conhecido pelas apresentações marcantes, agita o público ao som do violão, percussão, break dance, performance percussiva, canto e percussão eletrônica.
Para essa edição do Festival da Primavera, uma surpresa para as crianças: o cantor Saulo sobe ao palco com seu show Pé de Maravilha, no domingo, às 16h. Com o tema “A Floresta”, o público poderá curtir canções que vão desde saltimbancos até cantigas populares, passando por composições próprias e agraciando a garotada e também os adultos de todas as idades.
SECOM – Salvador