Louro Branco era considerado um dos maiores expoentes da cultura nordestina.

Para Marcelo Nogueira, o Ceará e a cultura perderam um grande representante. “Louro Branco tinha inteligência, habilidade e agilidade com as palavras. Com linguagem rápida, respondia sempre com raciocínio sofisticado”, elogia. Já o cordelista Cabo Chico recorda de tê-lo visto em diversas apresentações, dentre elas num festival que organizou em Iguatu, cidade localizada na região Centro-Sul do estado, enquanto secretário de cultura do município. “Ele era um grande repentista, de incrível velocidade de raciocínio. Vi Louro Branco ser aplaudido de pé por colegas da viola e pelo povo que tanto o admirava”, ressalta.

O professor Joan Edesson, co-autor do livro Cordel Umbilical, destacou a unanimidade de Louro Branco. “Morreu o poeta, o último grande repentista do Brasil no sentido de ser unânime entre cantadores e apreciadores da viola. Rápido, representava o sentido exato do repente. Depois dele, não surgiu, nas últimas décadas, ninguém com seu talento e habilidade. Sua unanimidade estava também em sua simpatia. Era um sujeito amigo dos cantadores e dos amantes da cantoria”, reconhece.

Para o cordelista Arievaldo Viana, Louro Branco faz parte de uma geração de cantadores essencialmente repentista e improvisador. “Ele não escreve e nem pensa antes de fazer. Sempre trabalhou com uma rapidez assombrosa”, destaca. O membro da Academia Brasileira de Cordel recorda de tê-lo visto em diversos festivais e ser, por vezes, injustiçado. “Apesar de ter versos geniais, não tinha boa dicção. Mas quem o conhecia, era acostumado com sua fala. Vindo de ambiente rural, sem muito estudo, tinha excepcional cultura e inteligência luminosa”.

Arievaldo destaca ainda a parceria de Louro Branco com o também cearense e repentista Geraldo Amâncio. “Eles eram uma dupla perfeita. Geraldo fazia de tudo para que Louro se sobressaísse. No nosso jargão, servia de ‘escada’, dando o tema pronto para que ele fizesse seus gracejos”, enaltece.

Considerado um de seus maiores parceiros, Geraldo Amâncio destaca o que Louro representa para a cantoria. “É o maior repentista do mundo”. “Louro Branco foi um grande parceiro, um orgulho para nós cearenses que, ao lado de Patativa do Assaré, nosso maior poeta popular, e de Cego Aderaldo, o mais famoso deles, consolidou a cultura do Estado e da Região de forma brilhante. Com ele se foram a irreverência, o humor e a graça. Para ele não há substituto”, ratifica.

E, em versos, Geraldo Amâncio homenageia o amigo:

A viola calou-se, o som sumiu
Toda rima está vesga, o verso manco
Com a morte do grande Louro Branco
Que a convite de Deus ao céu subiu.
Se tem substituto, ninguém viu
No passado, nem tem atualmente.
Nós perdemos a última semente
Que o roçado do verso safrejou
A lagarta do tempo devorou
Os maiores artistas do repente.

De Fortaleza,
Carolina Campos

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