Foto: Alberto Maraux/SSP

 

A mais tradicional lavagem de Salvador, a do Senhor do Bonfim, foi marcada pela tranquilidade, sem registros graves segundo a secretaria de Segurança Publica. Até as 17h desta quinta-feira (11) foram registradas, nas três Delegacias Especiais de Área espalhadas pelo trajeto (Conceição de Praia, parte baixa e parte alta da Colina Sagrada) e na 3ª Delegacia Territorial, duas prisões em flagrante (uma por furto e outra por roubo), 75 furtos, 26 roubos, uma apreensão de arma branca e seis registros de perda de documentos.

O esquema de segurança da festa teve a participação de mais de 1,8 mil profissionais. O policiamento ostensivo realizado pela Polícia Militar incluiu 25 Postos Elevados de Observação, além de dez Bases Móveis de Segurança.

Já a Polícia Civil, além das três Delegacias Especiais de Área, para facilitar o registro de possíveis ocorrências no trajeto, também reforçou o efetivo de investigadores, escrivães e delegados na 3ª Delegacia Territorial (Bonfim), totalizando, nas quatro unidades, 57 profissionais a mais disponíveis para atendimento à população.

O Corpo de Bombeiros Militar atuou na festa com 127 profissionais, divididos em equipes de prevenção e combate a incêndios, salvamento aquático e atendimento pré-hospitalar. Uma embarcação também esteve disponível para atendimentos de emergência durante o evento.

Turismo

Espetáculo de fé mais tradicional da Bahia, o cortejo da Lavagem do Bonfim levou uma multidão à Colina Sagrada nesta quinta-feira (11) para reverenciar o Nosso Senhor do Bonfim. A festa, um dos pontos altos do calendário de eventos do estado, reuniu baianos e muitos turistas. Boa parte destes participava pela primeira vez do evento marcado pelo sincretismo das religiões católica e de matriz africana.

O cortejo foi iniciado às 8h por católicos, baianas tipicamente trajadas, políticos, artistas, baianos, turistas e devotos do santo, que se integraram à caminhada em direção à Colina Sagrada. Os turistas acabaram se contagiando pelo entusiasmo da multidão. A carioca Patrícia Gith veio para a Bahia junto com amigos de infância para agradecer a cura de um câncer. “Esta é a segunda vez que venho a Salvador, mas é a primeira participação da festa. Vim agradecer”. Segundo a turista, a integração entre católicos e adeptos do candomblé é o grande atrativo. “É essa mistura que traz a gente pra cá”.

O mineiro Felipe Machado conheceu a festa ano passado, quando estava na capital baiana e ficou impressionado com as imagens divulgadas pela televisão. “É um momento de fé, de agradecer e renovar as energias, de viver a minha fé e a fé das outras pessoas”. O baiano Rafael Casa, responsável por apresentar a festa a Felipe, resumiu o sentimento – “diversidade é a cara desse encontro. É um evento de respeito à crença do outro e de paz”.

O auge da festa ocorreu com a chegada das baianas mães e filhas de santo do Candomblé à Basílica do Bonfim, que receberam a bênção do padre Edson Menezes, para, então, iniciarem a lavagem do adro e das escadarias da igreja com água de cheiro e vassouras, ao som de atabaques e cânticos sagrados.

Tradição

Na Lavagem, o sagrado e o profano se misturam, mas o espírito religioso é a tônica. A tradição do Bonfim em Salvador começou no século 18, quando escravos lavavam a igreja em preparação para a festa. Posteriormente, o candomblé assumiu o ritual, reverenciando Oxalá, que no sincretismo religioso corresponde a Nosso Senhor do Bonfim.

A Lavagem é realizada tradicionalmente na quinta-feira, mas a festa do Bonfim propriamente dita acontece no domingo (14), com missa solene presidida pelo arcebispo primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, às 10h. Outras celebrações acontecem às 5h, 6h, 7h30 e 15h. Já a novena, que começou no dia 4, prossegue até este sábado (13), sempre às 19h.

 

Com informações da Secom