Por Victor Razoni – Foto Victor Ferreira/EC Vitória

A equipe do Notícias da Bahia, em colaboração com o canal Resenha do Leão, realizou uma entrevista exclusiva com o presidente do Vitória, Fábio Mota. Durante a conversa, Mota abordou diversos temas, incluindo as recentes contratações, a novela em torno do meio-campista Daniel Jr, a chegada de Luan e revelou que o clube planeja realizar mais seis contratações visando a Série A.

O presidente Rubro-negro, que experimentou altos e baixos com o clube, enfrentou como a participação na Série C do Brasileirão em 2022 e duas eliminações consecutivas na primeira fase do Campeonato Baiano (20?? e 20??). O Vitória também corria o sério risco de ficar fora da Copa do Brasil de 2024 se não conquistasse o título da Série B de 2023. Contudo, Fábio Mota conseguiu alcançar o primeiro título nacional da história do time assegurando o retorno a elite do futebol nacional após cinco anos afastado e a participação na terceira fase da Copa do Brasil deste ano.

Confira abaixo a conversa com o presidente do Leão da Barra:

Victor Razoni: Como surgiu a ideia de Luan ser jogador do Vitória?

Fábio Mota: Nós estávamos procurando um jogador com perfil de força para ganhar duelos, vencer na individualidade. Começamos dentro dessa linha e chegamos à conclusão de que precisávamos de um jogador diferente. O Luan estava em negociação de contrato com o Grêmio, sabíamos disso, então entramos em contato com o empresário dele. Realizamos uma videoconferência com o jogador e ele mesmo expressou o desejo de jogar no Vitória. A partir daí, nos incentivou a montar uma equação para trazê-lo. Embora houvesse outros clubes interessados, Luan manifestou o desejo de conhecer o clube, a torcida e sentir a força da camisa, especialmente num momento de reafirmação em sua carreira. Acreditamos nisso, trouxemos o Luan, e certamente foi uma decisão acertada da nossa parte.

VR: A novela Daniel Júnior chegou ao fim ou ainda vai ter mais capítulos?

FM: A novela não está encerrada! Recentemente, recebemos Alerrandro, Everaldo e Luan. Quanto ao Daniel Júnior, estamos monitorando. Ele é um jogador que nos interessou desde o início. Iniciamos o contato com o Cruzeiro, e o clube mineiro informou que não emprestaria o atleta, apenas estaria disposto a vendê-lo. Ao mesmo tempo, o jogador assinou contrato com o Coritiba, segundo minhas informações, numa transação de empréstimo envolvendo um jogador da base. Eles solicitaram uma proposta, a qual enviamos. Conversamos também com o jogador, com a autorização do Cruzeiro, e o atleta manifestou interesse em jogar no Vitória. Disse que o seu sonho era vestir a camisa do clube baiano, participar da Série A e seguir o que o seu coração pedia. Formalizamos a proposta ao Cruzeiro, mas até o momento não recebemos resposta.

VR: O Vitória continua no mercado mesmo o Daniel Júnior aceitando a proposta do Rubro-negro e quais as posições o clube vai buscar?

FM: Num primeiro momento, pensávamos em repor algumas posições. Mantivemos nossa base, visando o Campeonato Baiano e a Copa do Nordeste. Neste momento contratamos 10 jogadores, todos apresentados à imprensa, alguns já participaram da primeira partida do Baianão. Essas contratações visam repor os jogadores que saíram mantendo um time competitivo e forte para as competições do primeiro semestre.

As próximas contratações que vamos apresentar são jogadores com experiência na Série A, como Alerrandro, Everaldo e Luan. Além deles, pretendemos contratar mais cinco ou seis jogadores para a disputa do Brasileirão. Sabemos da necessidade de dois ou três reforços no meio-campo, mais um zagueiro e talvez dois laterais. Da linha média para baixo, a ideia é trazer mais seis atletas. Se algum jogador do elenco atual sair, faremos a reposição necessária.

VR: Recentemente você comentou que quando a bola parou de rolar o Vitória perdeu sete mil sócios torcedores, o que fazer para recuperar?

FM: Infelizmente, tivemos essa baixa. Agora, espero que a torcida reaja e retorne ao número de 33 mil sócios. Nossa ideia é alcançar 50 mil sócios até o início da Série A. Em uma coletiva recente do Vitória Bank, falamos sobre a reposição ao subir da Série B para a Série A. Nossa folha salarial, que era de 2 milhões, agora já atinge 4 milhões de reais. Diante disso, faremos uma reposição da inflação no plano de sócio de 14%, e os ingressos terão um aumento de 20%.

Precisamos que o sócio-torcedor retorne para mantermos um time competitivo e termos condições de contratar na segunda janela de transferência. O Vitória continua enfrentando uma crise financeira, acumulando dívidas de gestões anteriores. De cada três reais que pagamos, 2.5 são destinados a quitar dívidas antigas, como os 600 da Justiça do Trabalho, 300 da CRNB, e 250 mil dólares de Jordy Caicedo. São compromissos essenciais que o clube precisa honrar para evitar punições e ter a capacidade de contratação. O Vitória depende muito do sócio-torcedor para se manter firme na Série A e alcançar o objetivo de disputar a Copa Sul-Americana este ano.

VR: Sobre o Naming Right, as negociações avançaram?

FM: Sobre a Fatal Model, sábado estreamos nosso placar. Vocês viram o backdrop de série A que recebemos, não é? Antes tínhamos aquele encerado, lona atrás, agora é tudo eletrônico. O nível é outro. Agradeço à Fatal Model que proporcionou o backdrop e o placar. Iniciamos as conversas no início de janeiro para dar início às negociações do Naming Right, que avançou. Hoje mesmo falei com eles e teremos novidades também com a Fatal Model.

VR: Sobre a questão da Libra. Em uma entrevista sua com uma emissora do Recife, você chegou a dizer que um clube de Série A recebia em torno de 200 milhões, mas era daquela outra negociação da Libra?

FM: Nós retornamos para a Série A, e tudo mudou. Esses números são apenas previsões, não é mesmo? Previsões e somente estimativas. Tudo dependerá de como a produção de 2025 será vendida para a Globo, quando será comercializada para a publicidade, e isso será rateado entre os clubes de cada liga. O Vitória foi para a Libra, pois ela leva em consideração a quantidade de participações no Campeonato Brasileiro. Para este ano, o Vitória corresponde a 24 participações no Campeonato Brasileiro.

Na outra linha, no futebol forte, eles já se anteciparam e estão planejando para os próximos 50 anos. Aqui, estamos aguardando para ver o que acontecerá.

VR: Com o dinheiro da Libra vai poder investir em reforços ou só vai ser para pagar as dívidas que o clube tem?

FM: A ideia é que o dinheiro seja uma antecipação, todos que estão recebendo da Liga é dentro da classificação. No caso da Futebol Forte, é um período de 50 anos, enquanto aqui, na Libra, é de 20 anos. A proposta é que os recursos recebidos se destinem ao pagamento das nossas dívidas trabalhistas, CRNB, e outras pendências, permitindo que possamos regularizar tudo e viver de maneira mais tranquila sem a preocupação constante de bloqueios e outras questões relacionadas às várias dívidas que temos.

VR: As obras aqui no entorno do Barradão, duplicação, está realmente a todo vapor, estacionamento, tudo isso. A obra da duplicação vai ser entregue em maio?

FM: A ideia é essa! Estamos acompanhando diariamente, conversando com a empresa Metro, que está realizando a obra com o Nil, o engenheiro responsável, e o Robert Clever, ambos da Conder, que também estão envolvidos na obra conosco. O governador destinou recursos para que pudéssemos realizar a obra com esses profissionais. Estamos lá todos os dias, e a previsão é entregar a duplicação até 13 de maio. Além disso, até o final de fevereiro, no máximo na primeira semana de março, esperamos entregar o novo estacionamento.

VR: Haverá mais alguma obra estrutural no Barradão?

FM: Concluímos os três prédios acima da academia. No andar superior, temos oito camarotes e seis salas administrativas. O ministério do grupo está todo concentrado aqui, do lado direito. Já iniciamos a segunda obra, que é o prédio do lado direito. Já batemos a laje e começamos a construção. Portanto, temos hoje um prédio de três andares do lado esquerdo e teremos um prédio de três andares do lado direito. A ideia é que lá teremos o setor de tecnologia do clube, a TV Vitória e um estúdio.

VR: A movimentação no mercado da bola é bastante intensa, e atualmente, qualquer jogador custa em torno de 20, 25 ou até 30 milhões para ser contratado. O Vitória, em algum momento deste ano ou nos próximos, terá a possibilidade de realizar investimentos dessa magnitude?

FM: Um dia, sim, nesse momento, sem chance! O Vitória trabalha intensamente para aprimorar e reestruturar sua base. Entendemos que, para competir e construir um orçamento mais robusto, é preciso fazer o que já foi feito no passado, quando conquistamos o vice-campeonato brasileiro e o vice-campeonato da Copa do Brasil. A base do time vinha de casa, formada nas categorias de base. Por isso, realizamos diversas melhorias na infraestrutura da base, incluindo novos campos, prédios e a construção da Academia do Leão. Todos esses esforços têm o objetivo de fortalecer nossa base, revelar talentos e equilibrar as questões financeiras e técnicas, formando jogadores aqui dentro. No entanto, esse processo não é imediato. Estou à frente do clube há dois anos e dois meses, e posso afirmar que a base tem apresentado melhorias, mas é um trabalho a longo prazo, com um horizonte de três a quatro anos. Nosso objetivo para este ano é garantir uma vaga na Sul-Americana, aumentar nosso orçamento, reduzir as dívidas e, ao longo do tempo, fortalecer a base para competir no topo.

VR: Quanto ao jogador Renato, que participou da última Copa São Paulo de Futebol Júnior e tem contrato válido até julho de 2024, existe a intenção de renovar seu contrato?

FM: O Thiago Noronha está gerindo competentemente a base, monitorando de perto os resultados. Como são técnicas profissionais, ele já avaliou a Copa São Paulo, bem como os dois, três, quatro ou cinco jogadores que atuaram no torneio e devem ser promovidos ao time profissional. Essa é uma notícia muito positiva, pois há muito tempo não conseguíamos subir jogadores, avançar para a terceira fase ou vencer torneios. Estamos contentes com as recentes conquistas, como os títulos no sub-17 e no torneio internacional na Argentina, e o trabalho na base está progredindo. Paciência é fundamental neste processo.

VR: Neste momento o Vitória tem quanto em caixa?

FM: Zero, não tem dinheiro! O Vitória continua vivendo dentro da sua crise financeira, brigando todos os meses para arrumar recursos para pagar sua dívida. Graças a Deus, estamos com tudo em dia, mas não tem dinheiro.

VR: A folha hoje está em 4 milhões. A sua expectativa está mantida de chegar em 7 milhões até o final do ano?

FM: A gente acha que o dinheiro não é a solução. A expectativa é a gente analisar o que a gente contratou. Porque o Baiano e o Nordeste para analisar e depois disso a gente vai vendo o que a gente precisa fazer ajustes, trazer mais, trazer menos. Não é um número que vai fazer um time de futebol. O Cuiabá fez uma folha de 4 milhões o ano passado e fez uma bela campanha. O Santos chegou em 16 milhões e caiu para a Série B, então não é por aí. Acho que a gente não pode competir porque tem maiores orçamentos, a gente tem usado muita técnica e o setor de tecnologia. Repito, nós implantamos o setor de mercado que nós não tínhamos o setor de análise de desempenho. O setor de mercado monitorou esse ano todos os campeonatos da Série B a Série A, todos sul-americanos. No ano passado ele já mostrou respeito disso, quando ele foi atrás do Dudu no Volta Redonda, também o Matheusinho lá no Ypiranga, e o Wagner Leonardo estava lá no Portimonense sem jogar. Tudo isso é mérito deles que trabalham.

VR: Os principais jogadores do Vitória no elenco, todos estão seguros com as multas? Só saem se alguém pagar a multa, está tranquilo isso aí para o Vitória?

FM: O futebol não tem regra exata, não é matemática, entendeu? Não é matemática. Da mesma forma como o treinador vive de resultados, o futebol vive de dinheiro. Então, essa é uma pergunta que não podemos responder de forma definitiva, pois depende da proposta que chega.