Edição Jesus Souza – Foto Divulgação

Com foco na representatividade, as mesas literárias das escritoras dão voz às temáticas indígenas, raciais e de ativismo anti-gordofobia

Já é possível saber os nomes de mais três escritoras que tornarão imperdível a programação da FLICA 2024. São elas Ane Kethleen, Camila Apresentação e Rafaela Ferreira, três mulheres inspiradoras que têm muito a compartilhar sobre suas vivências e as causas que representam. Elas participam de diferentes mesas literárias no Espaço Geração Flica, que também já confirmou a presença dos escritores brasileiros best-sellers Thalita Rebouças e Raphael Montes.

Realizada pela Fundação Hansen Bahia em parceria com a Prefeitura Municipal de Cachoeira e apoio do Governo do Estado, a 12ª edição da Festa Literária Internacional de Cachoeira – FLICA acontece de 17 a 20 de outubro. Reconhecida nacionalmente como um dos maiores e mais respeitados eventos literários do país, a FLICA em 2024 apresenta o tema “O Mundo da Literatura em Festa”.

Escritora indígena Ane Kethleen – Foto Divulgação

A artista, pesquisadora e escritora indígena Ane Kethleen participa da mesa Histórias que me contaram, na qual irá abordar a educação enquanto ferramenta de resistência dos povos originários do Brasil. Para resgatar memórias e tecer um fio geracional com biografias dos seus antepassados, a autora lançou, em 2022, seu primeiro livro, “Tecendo histórias do meu lugar”. Nascida em Cumuruxatiba, Prado, Bahia, Ane Kethleen Pataxó mostra que a escrita é a verdadeira arma para a transformação do mundo.

“Participar deste evento tem um significado muito importante, pois a representatividade indígena em espaços como esses é essencial. É uma oportunidade de levar os conhecimentos, as histórias e as lutas do meu povo para um público mais amplo e, assim, construir um entendimento mais profundo e respeitoso sobre quem somos e a importância de preservar a nossa cultura e os nossos direitos. Na mesa, eu irei abordar as histórias que tenho comigo desde criança, que escutei principalmente do meu avô e que moldaram a minha visão de mundo e me inspiraram a escrever meu primeiro livro para preservar e compartilhar essa sabedoria ancestral”, pontua Ane Kethleen.

A mesa Meu livro favorito viralizou recebe a jurista, escritora e comunicadora de literatura, história e arte do povo preto Camila Apresentação, mais conhecida como Preta Letrada, seguida por mais de 234 mil pessoas, somando seus perfis no Instagram e Tiktok. É por meio das redes sociais que a soteropolitana aborda de maneira didática e acessível pautas raciais e propaga conhecimento voltado para a afrocentricidade e a jornada do autoconhecimento.

Escritora Camila Apresentação – Foto Divulgação

“Vamos aproveitar para conversar muito sobre a rede social e como ela tem o poder de transformar o interesse pela literatura de muitos jovens e adultos, da comunidade como um todo, porque de alguma forma ela é ferramenta de acesso, se a gente usar direitinho. Eu vou falar sobre essa minha trajetória no mundo literário e na disseminação da literatura”, adianta Camila.

Entre as mesas literárias do evento, a carioca radicada em São Paulo Rafaela Ferreira se junta ao bate-papo Entre romances e poesia. Atriz, apresentadora, autora, educadora, produtora e ativista, já interpretou personagens como a Nanci na novela “Poliana Moça” (SBT – 2022) e Juju de Malhação ID (Globo – 2009). Das telas para as letras, ela ingressou no universo da literatura em 2023 com seu primeiro lançamento “Eu só cabia nas palavras”, que traz assuntos de autodescoberta, primeiro amor, amizade, bullying, gordofobia e sexualidade.

Escritora Rafaela Ferreira – Foto Divulgação

“Eu pretendo falar sobre como foi o meu processo de escrita do livro ‘Eu só cabia nas palavras’, que é um romance onde Gio se descobre bissexual e também tem uma descoberta do próprio corpo, do amor-próprio e do amor romântico pela Lisa. Falo da gordofobia, que ainda é muito tabu na nossa sociedade. Esse é um preconceito estruturalmente presente, então é sempre importante desmistificar, trazer mais informação para as pessoas. Estou empolgada por poder estar num momento tão efervescente da cidade, uma festa tão bonita, com a presença de tantos autores que eu admiro, além dessa troca com os fãs que é sempre muito rica e especial”, comenta Rafaela.

Ao todo, 58 autores participam da 12ª FLICA, entre nomes baianos, nacionais e internacionais numa programação intensa de quatro dias de debates, apresentações e intervenções artísticas, encontros literários, lançamentos de livros, sessões de espetáculos, contação de histórias, exibição de conteúdos audiovisuais e apresentações de filarmônicas.

A programação da festa é gratuita, aberta ao público e está distribuída em cinco espaços principais: Tenda Paraguaçu, Fliquinha, Geração Flica, Intervenções Artísticas e Programação Variada. Todos os espaços têm indicação etária livre com acessibilidade, tradução de libras e audiodescrição.

Com sede na heroica cidade de Cachoeira, a FLICA chega a sua 12ª edição com histórico de sucesso de público e mídia e a marca de mais de 80 mil visitantes na última edição. O evento mais uma vez se apresenta como fundamental para a literatura, educação, cultura, turismo e economia do estado da Bahia, reunindo os públicos infantil, juvenil e adulto em torno da arte literária e o seu potencial em honrar o passado, inspirar o presente e construir futuros.