Por Redação – Foto Christian Gaul/ Reprodução

Na semana passada o Tik Tok ganhou sua mais nova criadora de conteúdo literário, a atriz Fernanda Torres, que já estreou na plataforma com mais de 50 mil seguidores. Em seu primeiro vídeo, parabenizou a booktoker norte-americana, Courtney Novak, que viralizou comentando sobre sua leitura de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, um clássico de Machado de Assis, alcançando a marca de mais vendido na Amazon estadunidense.

Criar uma conta no TikTok é iniciativa de uma campanha que fechou junto à plataforma da ByteDance, e para começar os trabalhos lembrou de Novak. “Acho que terem me chamado tem a ver com ela, também, um desejo da plataforma de abrir outras frentes, [atrair] outro público. Aí, aproveitei o gancho do Machado de Assis e abri minha estante de livros relacionados a ele, como os do Roberto Schwarz, da Helen Caldwell e do Silviano Santiago“, conta ao blog #Hashtag.

Os livros recomendados pela atriz no primeiro episódio são “Ao Vencedor as Batatas” e “As Ideias Fora do Lugar“, ambos de Schwarz, e também “O Otelo Brasileiro de Machado de Assis“, de Caldwell e “Machado“, de Santiago. Cada um deles a fizeram buscar, cada vez mais, histórias relacionadas a Machado ou que, de uma forma ou de outra, tenham algo que remeta ao autor: “O Machado é o que de mais fino o Brasil pariu.

Seu apreço pelo autor começou no ginásio, quando, aos 13 anos, leu pela primeira vez “Dom Casmurro“. “Depois reli, mais velha, e fui entrando. Roberto Schwarz mudou minha maneira de ler Machado. E não só o Machado, Nelson Rodrigues também, o Brasil arcaico, feudal, tentando se adaptar ao romantismo europeu“, diz.

Falar sobre livros nas redes sociais, comentou, é “um assunto e tanto, porque um livro puxa o outro, que leva a outro“. A comunidade “BookTok”, que conta com criadores de conteúdo que falam sobre e indicam livros, conseguiu levar vários deles aos mais vendidos, além de aumentar as vendas e até esgotar exemplares. Hoje, a plataforma é considerada uma das redes mais importantes para divulgação de livros.

A hashtag acumula 34,9 milhões de vídeos, e ajuda desde pequenos escritores a grandes mestres da literatura a voltarem para a lista de mais lidos, como os casos de Machado de Assis, Clarice Lispector, Graciliano Ramos, Emilia Freitas e muitos outros.

Amo conversar sobre livros. E o celular tirou, das pessoas, muito da capacidade de se concentrar, a vida moderna é muito dispersa, é difícil encontrar tempo para ler. Lembrar que esse universo existe, que um livro é um grande companheiro, e usar a plataforma para isso é importante“, conta a atriz, que também é escritora.

“Com as redes, é possível direcionar a divulgação para um público específico, uma cidade específica, foi uma revolução. É a primeira vez que faço posts sobre literatura, espero que desperte o interesse”.

Para a série de vídeos que planeja, ela também abriu a biblioteca infantil que tem em casa, com livros que lia para seus filhos quando eram menores. Agora, quer indicá-los para outras mães. “Meus filhos cresceram e eu não leio mais para eles, de maneira que resolvi indicar para quem ainda coloca os filhos para dormir com uma história. Aquela coisa antiga, pré-revolução midiática, porém eterna.”