Por Redação – Foto SAID KHATIB / AFP

 

Neste domingo (05), o Egito anunciou uma medida drástica em resposta a um trágico incidente ocorrido na última sexta-feira (04), quando forças israelenses atingiram um comboio de ambulâncias em Gaza, resultando em 15 mortos e 60 feridos. A decisão de suspender temporariamente as saídas dos moradores de Gaza feridos e portadores de passaportes estrangeiros pela passagem de Rafah foi confirmada pelo embaixador brasileiro junto à Autoridade Nacional Palestina (ANP), na Cisjordânia, Alessandro Candeas.

Com a decisão, as autoridades não divulgaram uma nova lista de estrangeiros liberados para a saída do território neste domingo. No sábado, mais 599 estrangeiros foram autorizados a atravessar a fronteira, nenhum deles do Brasil — segundo o Itamaraty, há 34 pessoas no aguardo: 24 são brasileiros, sete são palestinos em processo de imigração e três são parentes próximos. Ao GLOBO, o embaixador do Brasil no Egito, Paulino de Carvalho Neto, reconheceu neste domingo a possibilidade de atraso no resgate de brasileiros em Gaza.

Segundo o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, sua contraparte de Israel, Eli Cohen, garantira a ele que os brasileiros poderão cruzar a passagem de Rafah até a próxima quarta-feira. Nesta segunda-feira o governo brasileiro deverá ter uma confirmação se o prazo terá de ser estendido.

“Se continuar fechada, atrasará a saída de todos os estrangeiros, não somente dos brasileiros. Vamos ver o que acontecerá nas próximas horas, sem fazer previsões ou criar expectativas”, afirmou o embaixador brasileiro no Egito.

Os americanos foram maioria no último grupo a deixar o território, com 386 cidadãos autorizados. Em seguida, havia britânicos (112), franceses (51) e alemães (50). As negociações para a retirada de civis com nacionalidade estrangeira, consideradas pouco transparentes e sem um critério claro por fontes do governo brasileiro envolvidas com o processo, envolvem Israel, Egito, Catar e EUA.

O Catar, que mediou o acordo internacional para garantir as passagens dos civis, disse esperar que a saída seja reaberta em breve, embora não tenha uma data definida para tal. Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Majed al-Ansari, citado pela CNN americana, há “muitas dificuldades no terreno que não permitem que esse ponto positivo continue, mas temos esperança de que veremos mais aberturas dessa passagem e mais pessoas saindo o mais rápido possível”.

Ele afirmou, ainda, que o ataque ao comboio de ambulâncias no sábado, ação posteriormente reconhecida por Israel, alegando que o alvo era uma célula do Hamas “certamente não ajuda como prova de conceito para que este acordo seja bem sucedido”, acrescentando que “todas as partes, mas especialmente o Exército de ocupação [de Israel]” garantam rotas seguras para que o acordo seja respeitado.