Por Sandra Mercês – Foto Betto Jr./PMS

Os restaurantes ofertam gratuitamente quase 5 mil refeições diárias

O estado da Bahia tem atualmente 1,8 milhão de pessoas com insegurança alimentar grave, ou seja, passando fome. É o que aponta dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN). Para combater a insegurança alimentar de famílias mais vulneráveis na capital baiana, a Prefeitura de Salvador já implantou sete novos Restaurantes Populares na cidade, ampliando a rede de assistência alimentar para nove unidades.

Frente do Restaurante Popular do bairro de Sussuarana – Foto Valter Pontes/PMS

Em entrevista exclusiva para o Notícias da Bahia, Junior Magalhães, titular da Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (SEMPRE), disse que maus um restaurante será inaugurado neste mês de setembro no bairro de Pernambués, chedando a 10 unidades de assistência nutricional que ofertam, segundo a pasta, quase cinco mil refeições diárias.

Os restaurantes estão localizados em bairros com altos índices de pobreza e insegurança alimentar, identificados por meio de estudos técnicos por através do CadUnico. São eles.  Fazenda Coutos, Mares, Pau Lima, Periperi, Valéria, Sussuarana, Pernambués, e três unidades no Subúrbio Ferroviário de Salvador.

Prefeito Bruno Reis sendo abraçado por um frequentador do restaurante popular – Foto Valter Pontes/PMS

Junior Magalhães explicou como são realizados as escolhas dos bairros para implantação dos equipamentos. “Nós usamos três critérios na verdade. Primeiro critério existe um índice de segurança alimentar. Isso está mapeado por bairro. Ou seja, com o maior número de famílias que não têm as três alimentações dignas diárias. No mínimo as três diárias. O segundo índice foi um índice de número de famílias pobres, com critério de pobreza pelo Ministério do Desenvolvimento Social. Então nós pegamos o CadUnico, estudamos o CadUnico e pegamos as famílias, o maior número de famílias com critério de pobreza na cidade”.

“A ideia é oferecer mais do que apenas comida. Queremos oferecer dignidade e respeito. Não há qualquer barreira de acesso, e o serviço é gratuito porque entendemos que muitas famílias não teriam condições de pagar nem um valor simbólico de R$ 1”, disse Junior Magalhães.

Secretário Júnio Magalhães – Foto Ascom Sempre

De acordo com o titular da Sempre, os restaurantes populares contam com equipes de nutricionistas, assistentes sociais, educadores e outros profissionais capacitados, que recebem treinamentos mensais. Em locais como o Restaurante Popular de Mares, onde há uma grande presença de pessoas em situação de rua, o secretário explica que trabalha em parceria com o Centro POP, que oferece suporte psicossocial e outros serviços.

“Para entender também o funcionamento de cada restaurante. A gente entende que cada equipamento tem uma característica muito própria da sua localidade, a gente tá entendendo isso. Por exemplo, nós temos no Restaurante de Mares, nós temos um acesso muito grande de pessoas em situação de rua que acessam o Restaurante de Mares, que antigamente acessava o restaurante do Comércio que é do Governo do Estado. Mas o fato do Comércio, o Governo do Estado cobrar ainda dois reais, termina essa população migrou agora praticamente todo para o Restaurante de Mares. E aí a gente está entendendo também, aproveitando, colocando o centro POP para acompanhar as famílias, a equipe de abordagem, ou seja, é um olhar muito mais do que apenas a oferta alimentação integrada, possibilitando que de fato essas famílias possam futuramente superar as condições de pobreza”, disse.

Fiscalização dos Restaurantes

“Nós licitamos os restaurantes. Nós temos hoje duas empresas que fornecem alimentação, parte de cozinha, toda parte dos insumos e o que cabe à prefeitura é o papel de fiscalização. Então cada restaurante nós temos um nutricionista da prefeitura que fiscaliza a qualidade da alimentação, nós temos um cardápio que não temos repetições da comida de um dia para o outro. Nós temos duas proteínas no cardápio, salada, sobremesa, fruta, suco. Hoje praticamente a gente não tem sobras. É algo que não acontece. Mas muitas vezes quando tem mais do que aquela conta do restaurante e tem pessoas na fila, a gente consegue ainda alimentar as pessoas que estão na fila. Muita vezes a gente atende muito mais do que o número, porque tem pessoas, às vezes, na fila e tem ainda comida ainda ali no balcão e eles acabam ofertando alimentação. Praticamente, a gente desperdiça zero. O que a gente quer na verdade, é ofertar essa dignidade para a população, para todos aqueles que estiverem na fila e ainda tivermos alimentação, nós vamos conceder, sim, a alimentação dessas pessoas” conclui Junior Magalhães, secretário da Sempre.